Avançar para o conteúdo principal

O estado da direita

O que restou da direita política portuguesa é algo de muito indefinível e sem coluna vertebral. Esta situação originou-se por via da mesma ter começado a negar a sua essência, assim como se recusa a assumir-se de direita. Permeável ao politicamente correcto e muito densificada, esta mesma direita "estatelou-se" por completo sob a dominação cultural de esquerda.
A esquerda ganhou o combate cultural porque a direita se demitiu das suas obrigações e a imposição das palavras e do vocabulário de esquerda permitiu que os seus esquemas intelectuais sejam hoje prática corrente. A dialéctica esquerdista é muito contraditória, não só em termos, como também na sua acção concreta. A demagogia esquerdista não quer saber dos interesses colectivos superiores e apenas admite a existência do interesse particular, a chamada «atomização da sociedade».
 
Os sofistas actuais, tal como os antigos, usam e abusam das subtilidades intelectuais, desvirtuam o significado dos conceitos mantendo-os num estado de indefinição até não saber do que se fala, e assim, a possibilidade de tudo dizer e contradizer permite à esquerda "encostar" a direita a um estado de pavorosa inexpressão.
A esquerda maneja as palavras com grande perfeição, conhecendo muito bem o poder da palavra e sabendo-se que algumas palavras, mais do que outras, são "portadoras" de uma grande carga afectiva se associadas a alguns períodos negros da história.
 
Os chavões da esquerda, racista, fascista, homófobo e discriminador são litanias invocadas por via da sua pobreza argumentativa embora a mesma ganhasse o combate cultural, até ver, o seu suporte ideológico é formal e incoerente recorrendo à descredibilização sistemática dos seus adversários pela via da colagem dos tais chavões acima falados e/ou pela desconstrução permanente dos termos, sobretudo os que podem transportar a tal carga afectiva.
Numa sociedade de "doentes mentais" como a nossa, que ainda por cima se acha muito evoluída e não se cansa de dizer que vive no século XXI, o indivíduo de direita conservadora, a única que existe e que sempre foi de direita, é visto como o "mau" colando-se-lhe etiquetas estereotipadas e anátemas usados. Esta desqualificação do indivíduo de direita liga-se a um processo maior de desconstrução: é o fim do debate político saudável e do rebater de ideias.
 
O que a esquerda faz, de uma forma subtil, é suscitar a emoção generalizando e "adormecendo" o discernimento político do eleitor com a ideologia atomista, o interesse particular em detrimento do interesse colectivo superior. E como a direita não existe o projecto da esquerda tornou-se muito tentador, e os que são contra este projecto são vistos pelos da esquerda como uns "filhos da puta" retrógrados, salazarentos e rançosos de baba fascista.
 
O que a esquerda esqueceu, assim como a direita pantanosa, é o facto de não poder existir sociedade política sem uma visão partilhada dos interesses que dizem respeito ao bem comum. Nenhuma sociedade pode ver o bem comum como uma soma de bens individuais, os quais não representam nenhum bem partilhado por todos, mas é isto que a esquerda quer; uma sociedade reduzida a uma adição de indivíduos e uma justaposição de minorias.

Comentários

  1. FN's, VOX's, PNR's ABRAM OS OLHOS: É FÁCIL DEMOLIR OS PARTIDOS DO SISTEMA!
    Para isso:
    ---» Número 1:
    - quem deve pagar a ajuda aos mais pobres é a TAXA TOBIM... e não... a degradação das condições de trabalho da mão-de-obra servil.
    ---» Número 2:
    - os «grupos rebeldes» não possuem fábricas de armamento... no entanto, máfias do armamento fornecem-lhes armas... para depois terem acesso a recursos naturais (petróleo, etc) ao desbarato, e para depois deslocarem refugiados para locais aonde existem investimentos interessados em mão-de-obra servil de baixo custo.
    Ora em vez de incutirem um sentimento de culpa nos países que se recusam a dar cobertura às negociatas da máfia do armamento (nomeadamente, recusam receber refugiados, ou seja, recusam fornecer mão-de-obra a investimentos ávidos de mão-de-obra servil ao desbarato), os partidos do sistema devem, ISSO SIM, é chamar à responsabilidade aqueles países que estão a fornecer armas aos «grupos rebeldes» (ao daesh e a outros), ou seja, os países aonde a máfia do armamento possui as suas fábricas.
    .
    {nota 1: pululam por aí muitos investidores da mesma laia dos construtores de caravelas: reclamam que os seus investimentos precisam de muita mão-de-obra servil para poderem ser rentabilizados}
    {nota 2: ao mesmo tempo que reivindica para si regalias acima da média (trata-se de pessoal que está num patamar acima da mão-de-obra servil), a elite politicamente correcta quer ter ao seu dispor mão-de-obra servil ao desbarato}
    .
    .
    .
    Os partidos do sistema pretendem transformar a vida humana num hino à hipocrisia: urge o separatismo (SEPARATISMO-50-50) desse pessoal.

    ResponderEliminar
  2. Exigindo o LEGÍTIMO Direito ao separatismo-50-50 (o legítimo Direito de povos autóctones procurarem sobreviver pacatamente no planeta)... os partidos do sistema vão andar por aí a vaguear num lodo de hipocrisia (vão estar em contradição com a diversidade, a justiça social, a situação ambiental)... depois vamos vendo como as coisas vão evoluindo.

    ResponderEliminar
  3. É mesmo isso, caríssimo. É o que já estamos a ver de há algum tempo a esta parte. Eu só lamento que este povo ande a dormir e continue a acredita na maior fraude mundial : o socialismo. Não há volta a dar, um povo que sofre de uma grande iliteracia e de uma incultura política generalizada, a nada pode aspirar.

    ResponderEliminar
  4. É curioso como um ingrediente tem muito, muito sabor com no rosto de meu pai desempregado agora em portugal. Sim, muitos, muitos desempregados agora, muitas sopas dos pobres tambem. Muita trsiteza em nosso povo tugalandia agora. Que pensam nossas pessoas agora?

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Islâmicos podem negar o holocausto

Leio por estes dias e por linhas travessas que em Inglaterra, os governantes do país preparam legislação especial para a comunidade muçulmana poder negar o holocausto - noutras versões é o "holoconto" -, enquanto os não muçulmanos continuam a não poder negá-lo. Não sei (ainda) o que é mais grave, se a abertura deste precedente, ou o facto de o mesmo ser atribuído a uma sociedade islâmica que pretende um novo imperialismo, baseado numa teocracia abjecta. Se a notícia se confirmar, os judeus, ciganos, eslavos, católicos e oposicionistas são completamente desconsiderados e as suas memórias conspurcadas pelo aviltamento mais baixo e vergonhoso.. o direito à diferença não pode justificar precedentes desta natureza, em que o que é verdade para uns, já possa ser mentira para outros.

A aparência mental do mundo quântico

Paul Dirac dizia numa conferência realizada em 1993 que «a natureza aleatória dos saltos quânticos não era feita às cegas como a palavra aleatória poderia deixar supor.» É feita uma escolha, continuava Dirac, dizendo ainda que neste caso, escolha, se definia como «qualquer fixação de algo que é deixado livre pelas leis da natureza.» O que Dirac pretendia dizer é que os saltos quânticos estavam à margem das leis da natureza, tal como as conhecemos.   Não é fácil conceber ou ter uma ideia sobre as leis que possam reger os saltos quânticos, se é que lhes podemos chamar de leis. Já mais de uma vez foi sugerido por diversos investigadores e cientistas que nos saltos quânticos, o sobrenatural se impõe ao natural. Na realidade quântica a linha de demarcação entre o natural e o sobrenatural não é clara, tornando-se difusa e opaca, o que provoca uma fusão dos dois domínios e entrando-se pela metafísica adentro.   Como a natureza do ser humano é molecular, estamos su...

A justiça entre o pensamento e a terminologia

O pensamento e a terminologia sobre a justiça, dizia E. Dupréel [Traité de Moral , Bruxelles, 1932, Tomo II, pp. 485 a 496], desde sempre incitaram a uma confusão entre os valores da justiça e os valores morais. Pensados muitas vezes como iguais e totalmente correspondentes, o que não é bem verdade.  A literatura moral e religiosa reconhece o homem integralmente honesto e prestável ao próximo; a justiça não é mais do que o nome comum de todas as meritocracias, o que possibilitou ao classicismo estabelecer a ideia fundamental - a moral tem como principal mola orientadora ensinar e demonstrar o que é justo fazer e o que não é justo fazer - a razão deve assim ensinar-nos a distinção entre o justo e o injusto. A justiça, sendo uma virtude entre outras, está fundada na moral. Claro que um conceito muito próprio de classificar de justas concepções sociais adquiridas e preconizadas, nem sempre permitem a melhor justiça. A própria história revela muitos exemplos, por mais revoluções, ...