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Eleições legislativas 2019 - Os inícios da mudança

Analisando estas recentes eleições exclusivamente em termos políticos e numa lógica partidária, ficou evidente a emergência de novos partidos surgidos de cisões e dissidências - Bloco de esquerda ---- PAN, Livre; PSD ---- Chega, Iniciativa Liberal, Aliança, para além de outros exemplos.

Este maior dispersão de votos veio dar um abanão, ainda incipiente ou pouco mais do que incipiente, na habitual estrutura político-partidária. E esse abanão pode aumentar muito de grau num futuro a médio prazo (talvez uns 20 anos). Estou a falar e a especular à distância, mas isto é muito certamente o início de mudanças na configuração política do país. Tal só não acontecerá se a situação económica resvalar e entrarmos em nova crise económica, ora, está aqui a oportunidade de os partidos pequenos passarem a ter cada vez mais representatividade e maior força, ao mesmo tempo que se inicia a derrocada dos partidos do sistema. 
Esta situação já é visível com o CDS, que não tem gente à altura para repensar a estratégia de um partido dito de "Democrata- Cristão". É visível em menor escala, de momento, na CDU partido a definhar lentamente e sem ideias para poder aguentar a concorrência de novos partidos que defendem mais ou menos os ideias comunistas, e em seguida nem o PSD ou o PS escaparão a tal processo.

Este processo e esta mutação partidária já eram visíveis desde à tempos a esta parte, mas nestas eleições os factos dão credibilidade a esta tese, indício mais do que plausível que as pessoas estão fartas e já não se revêem nos partidos do sistema. Os motivos são por demais conhecidos...

Apesar de tudo, isto, é uma lufada de "ar fresco". Por vários motivos, bons e maus. O problema é que a esquerda está na vanguarda do processo. Insisto que continuo a falar apenas dentro de uma lógica político-partidária.

A esquerda, apesar das diversas cisões que tem sofrido e das dissidências que alimentam essas cisões, consegue mesmo assim pautar-se com um discurso coerente (para o que pretendem), forte e unido. A direita está bem torta, desunida e distanciada em demasia, o discurso é incoerente, confuso e perdido no meio do emaranhado de meias-verdades sobre o que é a direita e o que foi. Num mundo em acelerada evolução, evolução aqui no sentido de mudança de circunstâncias; geo-politicamente e geo-estrategicamente, a direita não se consegue posicionar. Por enquanto, pois se souber aproveitar a onda, poderá reestruturar-se.

Muito se tem dito em Portugal que não existe direita ou que existem apenas alguns fragmentos, o que não deixa de ser verdade perante a desunião das direitas e da falta de gente capaz de refundar o conceito de direita hoje cada vez mais descaracterizado e sem poder de influência. 
Mas o maior problema da direita é não querer fazer a devida distinção entre economia e sociedade, porque a sociedade não emana da economia, é o contrário! Este erro ideológico é comum à direita e à esquerda. A retórica esquerdista, de tão previsível e sedutora, é o exemplo máximo da anomalia teórica de a sociedade emanar da economia. Como se a economia fosse a culpada de todos os sucessos e insucessos, da proliferação ou não proliferação de teorias e intenções, como se fosse culpada de todos os males que afligem o mundo. Mas à direita o discurso também não consegue fugir a este erro, durante anos a ter de suportar os erros económicos da esquerda, nunca o conseguiu de forma sustentável e coerente pela insistência em não querer dissociar a economia da sociedade.

Apesar de tudo, volto a frisar, isto é uma lufada de "ar fresco". Saiba a direita reposicionar-se e conseguir pontes de entendimento.

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