Avançar para o conteúdo principal

A quantização da vida e da morte

Podemos definir a morte numa análise simplista como um ponto definido na escala do universo. A morte é o regresso à estrutura sub-atómica onde não existe dia ou noite, esquerda ou direita, em cima ou em baixo e onde tudo é, e não é, ao mesmo tempo. Mas este ser e não ser, para mais ao mesmo tempo, não é definível na nossa escala de valores, está para além da nossa compreensão. E isto acontece porque o mundo sub-atómico rege-se por leis que não têm paralelo no nosso mundo físico. O mundo sub-atómico não é um mundo físico onde existam estados de matéria definidos no tempo e no espaço como acontece nos mundos de matéria física. Lothar Schaeffer dizia: «A base do mundo real e material, é não real e não material

Embora o mundo sub-atómico esteja para além da nossa compreensão, enquanto seres encarnados num mundo de matéria, o homem pode começar a compreender e é efectivamente o que tem acontecido. Como dizia o falecido Richard Feyman: «Deus não joga aos dados
 
Duas partículas, por exemplo, um electrão e um positrão colidem e transformam-se num par de fotões. Da mesma forma dois fotões colidem e transformam-se num par electrão-positrão ou num par quark-antiquark. Mas o mais extraordinário é que sempre nos ensinaram nos livros de química e de física que duas partículas de cargas opostas se atraem e duas partículas de cargas iguais se repelem, o que é falso. Ensinam-nos isso porque esse é o nosso limitado campo de visão num mundo de matéria e como o determinismo clássico da nossa ciência está a ruir, a realidade torna-se demasiadamente estranha para os nossos actuais sentidos. No mundo sub-atómico tudo flutua em permanentes mutações quânticas onde probabilidades de probabilidades geram um mundo estranho às nossas sensações. Nesse mundo, todas as coisas são a mesma coisa ao mesmo tempo, mas em última análise não são nenhuma dessas coisas. O famoso «gato de Schroedringer» ilustra bem essa situação. Imaginemos um gato, um vulgar gato. O gato ou está vivo ou está morto, nunca está vivo e morto ao mesmo tempo. No mundo quântico o gato está vivo e morto ao mesmo tempo, nunca tendo um estado bem definido. O mundo dos quanta é um mundo espiritual. Rege-se por leis e mecanismos difíceis de conceber e da sua aparente complexidade emerge um mundo simples e elegante. 

Os nossos cientistas têm insistido em negar a espiritualidade do mundo quântico, mas quanto mais a negam mais ela se torna evidente, e assim sendo, foram obrigados a procurar conhecimentos nas disciplinas ocultas que já tratavam estes temas há milhares e milhares de anos atrás. As partículas do mundo sub-atómico não são materiais como as partículas que conhecemos. Chamam-lhes partículas por comodidade de linguagem, mas na realidade elas não são materiais como as coisas materiais que conhecemos.
Elas são antes de tudo ondas de probabilidade, manifestando uma propriedade inigualável nos mundos físicos, a dualidade onda-partícula. Todas as partículas do mundo sub-atómico têm essa propriedade, que consiste em comportar-se como uma onda quando não é observada e como uma partícula quando é observada. O que quer dizer que de cada vez que se faz uma observação em laboratório destas partículas, o simples facto de se estar a observar o seu comportamento tem influência no resultado final. Como se as partículas sub-atómicas tivessem uma mente própria e soubessem quando estão ou não a ser observadas. E a coisa torna-se ainda mais estranha quando se sabe que mesmo a longuíssimas distâncias, se uma partícula muda de estado, a sua correspondente também muda instantaneamente, não importando quão grande seja essa distância. Será que isto não vos faz lembrar nada?? O que implica aqui outra situação. Para além da ausência do tempo temos também a não-localidade do universo, contrariamente ao nosso mundo de matéria em que a localidade é uma das suas imagens de marca.
 
A morte é apenas uma mudança de estado e só nos recusamos a falar e pensar nela porque não compreendemos que a vida é contínua, simplesmente muda de forma. Como dizia o outro, «porque é que aqueles que morrem não vêm cá dizer como é?» 

Pois, e porque haveriam de vir?

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Eleições legislativas 2019 - Os inícios da mudança

Analisando estas recentes eleições exclusivamente em termos políticos e numa lógica partidária, ficou evidente a emergência de novos partidos surgidos de cisões e dissidências - Bloco de esquerda ---- PAN, Livre; PSD ---- Chega, Iniciativa Liberal, Aliança, para além de outros exemplos. Este maior dispersão de votos veio dar um abanão, ainda incipiente ou pouco mais do que incipiente, na habitual estrutura político-partidária. E esse abanão pode aumentar muito de grau num futuro a médio prazo (talvez uns 20 anos). Estou a falar e a especular à distância, mas isto é muito certamente o início de mudanças na configuração política do país. Tal só não acontecerá se a situação económica resvalar e entrarmos em nova crise económica, ora, está aqui a oportunidade de os partidos pequenos passarem a ter cada vez mais representatividade e maior força, ao mesmo tempo que se inicia a derrocada dos partidos do sistema.  Esta situação já é visível com o CDS, que não tem gente à altura para...

Os primórdios do ateísmo e a física quântica

Heraclito, Demócrito, Epicuro e Lucrécio foram os ateus da antiguidade clássica. Manifestavam, ou pretendiam manifestar, um plano alternativo representativo quer no campo moral assim como no campo dos fenómenos naturais.  Nos séculos XVII e XVIII o ateísmo passou a ser visto como uma reacção contra o poder da religião organizada, isto é, das igrejas, especialmente, contra o poder da igreja de Roma e dos seus zelotas da inquisição. A partir do século XIX o ateísmo conheceria um novo impulso, quando descobertas científicas vieram reforçar a convicção de que tudo podia ser explicado pela interacção das forças naturais, contrapondo um materialismo irredutível a todos os idealismos que admitissem o sobrenatural. Filósofos como Marx ou Nietzche, que proclamavam a morte de Deus, e polémicas como as suscitadas pela teoria da evolução das espécies proposta por Darwin permitiram a sedimentação de uma ateísmo teórico que teria expressão política no anticlericalismo radical ...

Como podemos libertar a linguagem das ideologias?

Para libertar a linguagem das falsidades associadas às ideologias exige-se uma investigação e uma correcção semântica permanente. A deturpação e a truncagem de termos e significados não é simples de reverter, exigindo uma depuração linguística que só se consegue com muito estudo e dedicação. A "velha atitude do deixa andar" não pode continuar, necessário se mostra desmontar os mitos e os entendimentos enviesados da realidade. Como dizia Eric Voegelin, a realidade efectiva e a realidade alternativa são descontínuas, porque o homem pode criar uma realidade alternativa e actuar sobre a mesma mas de modo algum pode fazer o mesmo com a realidade efectiva. Ora, o que acontece, a todo o instante, é que a realidade alternativa sobrepõe-se, ou pelo menos tenta sobrepor-se, à realidade efectiva o que origina distorções, enganos e mentiras. E a mentira, ao fim de algum tempo, torna-se verdade na mente dos que não pensam. É precisamente isto que se passa na cultura intelectual dos ...