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O fim da tradição e o princípio da auto-contradição

Nos dias que correm, o homem é incentivado a abandonar a crença em realidades superiores a si próprio ocultando a sua dimensão moral subjacente à espiritualidade. Tal conceito é hoje visto pelos «progressistas» como uma representação cultural adquirida pela educação, da qual é necessário "libertar amarras" e ao mesmo tempo, reverter «maquiavelicamente» a ordem e a hierarquia, subvertendo o dever de obediência e os sentimentos patrióticos, familiares e religiosos.
 
 
A grande confusão que impera sobre o domínio do "ser" e sobre o domínio do "ter" acompanha a transformação do homem num ser potencialmente livre, a um ser livre, mas apenas condicionalmente e sujeito a certas regras e códigos. O homem tornou-se no "lobo" do próprio homem. Chegados a este ponto qualquer dimensão ética desaparece da "equação".
 
 
Vejam bem o que se passa actualmente com a legislação sobre o "casamento homossexual"; o conceito de casamento, que sempre foi e será de homem e mulher, foi adulterado na sua estrutura ontológica, permitindo-se assim a desestruturação sobre o qual o mesmo se fundou. O amor total sobre o casal, sobre os filhos, sobre a família, foi dissolvido por um modelo que tem como único interesse a satisfação de dois indivíduos. O contrato que os mesmos assinam pode evidentemente ser rompido, sem ter em conta o bem comum das suas famílias, dos seus filhos (se for caso disso), da sociedade em geral.
Entender o casamento desta forma é brincar e gozar com as pessoas. É ignorar, de forma muito grave, que o mesmo é um acto público fundador da família, ou seja, a base da sociedade. Desempenha a família uma acção social muito importante sendo a mesma ridicularizada pela equivalência "satânica" do casamento homossexual. Para além de se pensar que podem existir"casais do mesmo sexo". Se são do mesmo sexo, como podem ser um casal? Estranho fenómeno este, baseado no abuso da linguagem e na deturpação da realidade..
Não sabem onde nasceu essa «religião política» pós-marxista cultural? Pois bem, nasceu naqueles cubículos sapateados onde as práticas homossexuais são praticadas amiúde nessas mansardas por esse mundo fora.
 
Claro que os "burrocratas" de "bruchelas", a carbonária sem fogo dos tempos modernos, ajustam as leis desde Maastricht a Lisboa com legislação que deixa de ter o tradicional princípio patriótico para ser substituído pelo princípio da equiparação absoluta. Não deixa de ser surpreendente, de certa forma, reconhecer aqui implicitamente a traição da direita política que abandona a ordem tradicional para não perder o «comboio dos progressistas», aderindo ao «contrato social» e à sua ideologia. A nova era Capitalista (bem selvagem) que reduz tudo a um contrato e aos mercados, fazendo do homem um escravo.
 
O homem de esquerda já nada representa, não é herdeiro de nada, é apenas o representante da utopia pura, ancorando-se em delírios interpretativos de realidades impossíveis. Por imperativos ideológicos de esquerda o homem actual está amputando de si próprio, amputado do seu passado e amputado da realidade: a revolução apagou-lhe a memória e a capacidade de análise, ao provocar o desenraizamento da sua terra, das suas tradições e da sua história. Mas esta vitória da esquerda só foi possível pela traição dos movimentos de direita que sempre se foram deixando levar pelos subterfúgios da retórica esquerdista. Emancipando-se desta forma o indivíduo de qualquer laço natural ou de qualquer relação natural que transcenda a existência do indivíduo, corta-se com a realidade objectiva e ingressa-se nas fileiras dos "construtivistas" da qual certa esquerda se reclama dona e senhora.
 
O mais grave de tudo é vermos o "zonzismo" da direita parlamentar (se é que existe efectivamente alguma direita), que já não sabe muito bem onde se situa ideologicamente, perderam a doutrina e a retórica ao embarcar na "corveta progressista". E para mal dos nossos pecados lá temos nós mais uma vez de sofrer as tormentas do mar agitado.

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