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Mensagens

A mostrar mensagens de junho, 2019

Racismos incoerentes

O termo racismo é aplicado de uma forma totalmente incoerente, havendo uma constante confusão entre o termo e o seu significado, provocando uma descontextualização que leva a que seja também confundido com o etnocentrismo. Deve dizer-se que ao contrário do que possam pensar a maior parte das pessoas, o termo racismo é relativamente recente, inexistente na sua essência, e a sua definição não corresponde bem à realidade. Embora reconhecendo que sociologicamente, certas tensões e estados de espírito podem fazer com que venham ao de cima certos "racismos" tal como são definidos pela ortodoxia vigente. Mas isso é outro problema que na realidade nada tem a ver com racismo.Tem sobretudo a ver com um preconceito que criaram sobre eles próprios (as supostas vítimas de racismo) e sobre os outros (os que são considerados racistas). Não estou aqui a dizer que não haja pessoas racistas segundo a definição actual do racismo, existem e existirão sempre, mas são e serão sempre

Os três mundos de Karl Popper

Karl Popper construiu a teoria dos 3 mundos para explicar o problema da relação corpo-mente e embora esta teoria dos 3 mundos não explique essa relação na totalidade, dá-lhe pelo menos um sentido que pode ajudar a perceber este dualismo ou interacção, melhor dizendo, entre o corpo e a mente. Segundo Popper, trata-se do problema mais profundo e mais difícil da filosofia, o problema central da metafísica moderna. Como o homem é um ser espiritual, um ego, uma mente que se encontra intimamente ligada a um corpo sujeito às leis da física, ele encerra em si mesmo e também o problema da liberdade humana, que em todos os aspectos, incluindo político, é um problema fundamental; encerrando o problema da posição do homem no mundo físico, no cosmos físico, que é o mundo 1 de Popper. Esta teoria foi desenvolvida em oposição às doutrinas do materialismo, baseada numa definição especial da realidade, segundo a qual algo é real se puder afectar o comportamento de um objecto de grande esc

O duplo défice - mental e abstracto

Se alguma pessoa se der ao trabalho de fazer um exercício rigoroso sobre a política portuguesa dos últimos anos não deixará por certo de ficar preocupada. Os fundos que Portugal recebeu durante estes anos foram na realidade saqueados pelos políticos, pelas suas clientelas e pelos seus agentes que se serviram desse expediente para criar grupos de influência fortíssimos, quer em  Portugal quer nos corredores de Bruxelas, embora aqui em grau e importância diferentes. E é por isto mesmo que existe um défice associado às economias dos países. O défice não é mais do que a «linha delimitadora» dos terrenos passíveis de serem pisados. Nada mais do que isto, apesar de todo o chinfrim e carnaval associados a esta questão. É a chamada cosmética financeira .   Assim se compreende o engodo que andam os nossos governantes a criar por causa do défice! Castigam a classe trabalhadora e ilibam os verdadeiros culpados , num processo tão grosseiro e abusivo que se tornou uma mina de dinhei

A aparência mental do mundo quântico

Paul Dirac dizia numa conferência realizada em 1993 que «a natureza aleatória dos saltos quânticos não era feita às cegas como a palavra aleatória poderia deixar supor.» É feita uma escolha, continuava Dirac, dizendo ainda que neste caso, escolha, se definia como «qualquer fixação de algo que é deixado livre pelas leis da natureza.» O que Dirac pretendia dizer é que os saltos quânticos estavam à margem das leis da natureza, tal como as conhecemos.   Não é fácil conceber ou ter uma ideia sobre as leis que possam reger os saltos quânticos, se é que lhes podemos chamar de leis. Já mais de uma vez foi sugerido por diversos investigadores e cientistas que nos saltos quânticos, o sobrenatural se impõe ao natural. Na realidade quântica a linha de demarcação entre o natural e o sobrenatural não é clara, tornando-se difusa e opaca, o que provoca uma fusão dos dois domínios e entrando-se pela metafísica adentro.   Como a natureza do ser humano é molecular, estamos sujeitos ao

Nacionalismo e tradição, leitura e escrita

Escrever algo que seja nos dias actuais que possa ser lido por um número considerável de pessoas tornou-se um exercício de puro delírio. A própria palavra acima utilizada, "actuais", resume bem esta questão. Segundo os cânones do (des)acordo ortográfico, passa a palavra a escrever-se "atuais". Ora, hoje fica sem o c amanhã serão eliminadas as restantes letras... Todos os grandes pensadores e orientadores da área nacionalista, como de Maistre, Bonald, Ficht, Hegel, Dubois, Évola e tantos outros, considerados intolerantes pelo "establishment intelectual", tinham de uma forma ou de outra conhecimentos das antigas tradições. Estas antigas tradições estão hoje bem longe de serem do conhecimento geral. Vivemos numa mentira . Vivemos numa mentira em que se define o presente com a perspectiva assustadora do futuro e da consequente morte. Para a mentira continuar a funcionar, as "verdades" dos conhecedores das antigas tradições não podem

A herança filosófica da esquerda e da direita

Ser conservador hoje é sobretudo reconhecer uma ordem natural das coisas que o homem não pode modificar sem causar grandes destruições. Sejam elas materiais ou espirituais. Mas ser-se conservador é mais do que simplesmente o acima dito, é a compreensão clara que a tradição tem um papel muito importante para qualquer aspiração de progresso. Tal como assistimos hoje, o homem, sendo autor de uma "ordem artificial" pode modificá-la mediante a evolução dos acontecimentos. A intuição de um conservador consegue perceber a existência de uma ordem natural da qual o homem não é o autor, mas o mesmo é inevitavelmente participante nessa ordem, podendo modificá-la e moldá-la. Todos aqueles que não percebem ou intuem esta ordem, foram de diversas formas "formatados" pela ideologia do contrato social, que rejeitava pura e simplesmente a natureza política do homem, considerando a sociedade como uma convenção puramente humana. É provável que esta ideologia desconstru

Ao que chegou a democracia

Quando se chega a um ponto em que se pretende justificar tudo o que existe, seja bom ou mau, com a democracia é sinal de que não existe democracia. É paradoxal esta afirmação pois, como pode uma coisa não existir se se diz que ela existe? Analisando com alguma profundidade esta questão, a democracia existe formalmente mas nunca existe num patamar do qual as simples "massas" possam retirar daí algum provento. E como muito bem sabemos a democracia dita parlamentar, que é mais ou menos a que vigora por todo o lado, baseia-se numa série de pressupostos e teses que nunca foram muito democráticos. A história explica muito bem porquê.   A democracia hoje serve todo o tipo de torpesas inimagináveis, serve ambições sarcásticas e propósitos muito duvidosos. É ver como qualquer político de qualquer partido utiliza hoje o termo democracia: "uma muleta muito útil para outros voos". Enquanto o simples eleitor é "esfolado" no simples acto de se ver cons

Democracia e fraude

Onze dias após a implantação da república, Ramalho Ortigão escrevia a Teófilo Braga:  « Nada, em política, me é mais profundamente antipático do que o votismo e o parlamentarismo, que eu considero os destruidores agentes da capacidade administrativa .» Não será necessário aqui transcrever as palavras de justa e viva ironia com que Eça de Queiróz mimoseou o regime da urna e do voto. Os partidos (actual partidocracia, e não democracia) são extremamente simpáticos aos teóricos da democracia pura, por serem considerados factores de divisão, e incompatíveis com a unidade e a homogeneidade da nação, que no fundo é o que lhes interessa. Dividir para reinar. Qualquer eleito de qualquer democracia de votos na urna (é ver o pleonasmo que esta última palavra encerra) é obrigado a ludibriar as massas, servindo uma multidão de interesses particulares, os quais, quase sempre, se opõem ao interesse da nação. O ludibrio das massas faz parte do ideário de todos os partidos polít

Os barbarismos da democracia - competência e arbitrariedade

«Os doutores em ciência política feitos pelo povo são os representantes apaixonados das paixões populares. Nesse caso são os piores legisladores! ... É excelente que no vértice ou, para melhor dizer, em torno dos factos e assuntos sociais, haja representantes das paixões populares para que possa saber-se até onde é perigoso marchar em determinada direcção e para que se saiba não o que a multidão pensa, porque esta nada pensa, mas o que sente, para não a contrariar muito violentamente, mas para não lhe obedecer também... Pelo que diz respeito a paixões, a indicação é de que se deve ir directamente contra a opinião pública, e é bom que se manifeste pelo sufrágio universal. (...) A competência por colação é um absurdo na parte respeitante à criação de leis; é uma pseudo-competência pelo que se refere a fornecer indicações acerca do estado fisiológico de um povo; resultando desses factos que essa competência é tão má em república quão salutar em monarquia, o que equiva

Corruptos e corrupções

Começa a ser fastidioso falar-se de corrupção e de corruptos. Mas em Portugal a coisa está a atingir tal ponto que se torna dolorosamente inquietante este cenário. Não há um dia em que não apareçam novos casos, em catadupa, como um rio com as suas águas em fúria. Rouba-se e corrompe-se como nunca aconteceu antes. Talvez (quase de certeza) foi para isto que o 25 de Abril foi feito. Nestes casos mediáticos de corrupção são propositadamente omitidos certos factos que em muito ajudariam para que houvesse melhor justiça e melhores leis. Estamos perante o maior desvio dos princípios elementares do estado de direito que está bem torto para nossa desgraça e da democracia. A imunidade política de que gozam desdobra-se num leque infindável de influências e falcatruas que permitem o desvirtuamento das leis e a proliferação de decretos de lei que servem, com toda a naturalidade, para aplicar as leis conforme as conveniências. Já sabemos que o cidadão comum está fora deste esquema, par