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Liberdade, igualdade e interesse geral

A associação dos termos «liberdade» e «igualdade» surgiu aquando das revoluções contra a concepção do Antigo Regime, segundo a qual o rei é, como representante de Deus na terra, o detentor de todos os poderes, e só ele (o rei) pode outorgar liberdades. A liberdade do ponto de vista do Antigo Regime, é um privilégio de conteúdo variável que o rei permite para os súbditos que sejam fieis à causa da nação.
A liberdade pós-revolucionária é uma coisa muito diferente, poderíamos até dizer disforme. A luta pela igualdade a partir do século XVII, com mais intensidade no século XVIII, foi antes de tudo uma luta para acabar com os privilégios da nobreza e da aristocracia, com o clero à cabeça. Se alguém achar que a igualdade serviu os propósitos dos não privilegiados que se desengane, pois esta igualdade desde o seu início que teve como intenção última e primeira, limitar estrondosamente os privilégios a uma minoria de cidadãos. 
O interesse geral confundido com o princípio de vontade geral é uma mentira, basta atentar no que se passa na nossa sociedade ultra-liberalizada, quer nos costumes quer na ignorância travestida de cultura. Quanto aos privilegiados de hoje, relativamente aos do Antigo Regime, as diferenças e modos de encarar os princípios que devem reger privilégios e privilegiados regrediram a uma escala impensável, quando se ouve por aí que vivemos «no século XXI e nos achamos muito evoluídos».

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