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As contradições económicas da extrema-esquerda

O João César das Neves escreve umas coisas interessantes de vez em quando, como é o caso da entrevista de hoje ao Sol. Diz o mesmo, e com toda a convicção, que os esquerdistas estão apenas preocupados com a estrutura de base que os suporta e lhes permite as suas alarvidades - sejam sindicatos, sectores públicos ou pensionistas -, e metendo o discurso de defesa dos mais pobres e mais desfavorecidos directamente no caixote do lixo, sem passar pela gaveta.

O mais estranho disto tudo, é a tendência, mais ou menos declarada, de por um lado criticar e diabolizar a economia e os modelos económicos e por outro, pretender criar impostos (que inevitavelmente, vão recair nas classes mais pobres) para assim beneficiar de modelos económicos que supostamente combatem e abominam. Mas a incoerência não termina por aqui, os seus tentáculos expandem-se, e pretendem assim que com a criação da taxa Robles e outras aparentadas, a moralização social e económica da sociedade será uma realidade. 
Utopia mais perfeita, a nível económico, não pode haver. 

Tenho muita pena (não sei se este será o termo correcto) de viver em um país onde as esquerdas ditam leis e manipulam as mentes de uma sociedade de não-pensantes, enganando-os, e não aplicando as doutrinas que sugerem aos outros, a eles próprios. Por aqui se vê a influência nefasta do socialismo desde as suas origens, não estando o mesmo obsoleto, bem pelo contrário. Foi e é apanágio do socialismo nunca seguir nem adoptar as doutrinas que apregoam. 
Mas como a história continua a ser desconhecida, os não-pensantes vão-se modernizando ao som da mentira e da dislexia mental, coadjuvados por discursos sentimentais, a roçar um paternalismo acéfalo e de uma boçalidade exasperante. As crenças destes tipos são o maior ataque de sempre à democracia, de gente que se diz democrata e bem-pensante, de gente que acha que possui superioridade moral em relação aos que não pregam as suas litanias.

Eu sempre ouvi dizer, e isso é muito velho, há males que vêm por bem. É bem provável que depois da fase do desencanto que ensombrará inevitavelmente estes neo-gnósticos, os herdeiros tortos da luta de classes marxista já sem classes e totalmente desclassificada, a verdadeira sociedade governada nos princípios clássicos de hierarquia, ordem e disciplina volte a ser uma realidade.

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